- Por favor, da uma organizadinha ali na frente de casa, está uma baguuunça…
- Pode deixar comigo, madame!
- Por favor, da uma organizadinha ali na frente de casa, está uma baguuunça…
- Pode deixar comigo, madame!
Barriga de chope é mito, segundo estudo médico espanhol
Um estudo do Colégio Oficial de Médicos de Astúrias revela que “a barriga de chope é um mito”, pois um consumo moderado da bebida, de até meio litro diário, associado a uma dieta como a mediterrânea, não engorda e reduz o risco de diabetes e hipertensão.
Não sei qual barriga eles estudaram, mas a minha é verdadeira!
Chupado de http://www.chongas.com.br/
Nesta última quarta-feira (26), OZZY OSBOURNE gravou um comercial ao lado de Justin Bieber, que é o fenômeno teen do momento. O cantor de 16 anos e o roqueiro de 62 aparecerão no intervalo do Super Bowl representando a loja de eletrônicos Best Buy. A informação é da revista Quem.
Nas imagens, o Madman e Bieber aparecem com um uniforme futurista e, segundo a agência "Splash News", Sharon Osbourne também fará uma participação especial no comercial. "Estamos muito felizes com a presença de Justin e Ozzy na campanha da Best Buy", disse o diretor executivo da marca, Drew Panayiotou. "Nós sabemos que as pessoas criam uma expectativa muito grande com os comerciais do Super Bowl, e acho que Justin e Ozzy criaram uma nova dimensão para a campanha", completou.
Veja mais imagens no link abaixo:
Recentemente, Ozzy menosprezou Justin Bieber durante uma entrevsita para a TV americana, porém, a gravação do comercial aconteceu sem nenhum atrito.
Revista Brasileiros 27 de janeiro de 2011 às 16:33h
Em festa por seu papel no sucesso Tropa de Elite 2, o ator Irandhir Santos, homenageado em Tiradentes, fala sobre a força do novo cinema pernambucano. Da Revista Brasileiros.
Por Carlos Minuano*
“Está surgindo uma geração com muita força no novo cinema de Pernambuco”. Quem afirma é o ator pernambucano Irandhir Santos, um dos homenageados na 14ª Mostra de Cinema de Tiradentes. Ele, aliás, é um exemplo da pujança dessa nova safra. Com poucos anos de carreira já acumula sucessos, como os papeis em Baixio das Bestas, de Cláudio Assis, e o mais recente, Tropa de Elite 2, de José Padilha – maior público da história do cinema brasileiro. Confira trechos da entrevista que Santos concedeu à reportagem do site da Brasileiros.
Brasileiros – Nessa Mostra de Tiradentes tivemos mesas com a participação de até cinco diretores pernambucanos. De onde vem essa nova força do cinema de Pernambuco?
Irandhir Santos - De uns 10 ou 15 anos para cá, vem chegando uma turma com muita força para fazer essa arte. É o que percebo em conversas com diretores com os quais trabalhei, como Cláudio Assis. Sempre lembramos da dificuldade que era fazer cinema tempos atrás. Fazíamos na gana e na vontade.
Brasileiros – Que outros nomes você destaca dessa nova safra?
I.S. - Participei de projetos em Recife com diretores que são dessa geração mais recente, como Daniel Bandeira, Leonardo Lacca, que não tem tanto acesso a patrocínio, mas que tem, assim como o Cláudio Assis teve no início, essa força de vontade de fazer. O que eu posso entender disso é que o cinema pernambucano se voltou às suas raízes.
Brasileiros – Esse ‘regresso à raiz’ está especialmente na direção?
I.S. - Está na maneira de dirigir, de escrever uma história, de tal forma que você se torna proprietário dela. Isso confere uma força tão grande que permite o diálogo com qualquer parte do Brasil e do mundo. É como se esses diretores atuais da cena pernambucana olhassem para sua terra e decidissem contar histórias de suas próprias vidas.
Brasileiros – Isso torna os filmes mais verossímeis?
I.S. - Isso os coloca (os diretores) bem próximos daquilo que estão contando, de uma maneira tão profunda que as histórias se tornam comunicáveis em qualquer parte do mundo. Aí está o diferencial, nesse sentido. Acredito no cinema autoral, Pernambuco tem, de fato, um cinema autoral.
Brasileiros – Qual a diferença essencial entre o cinema autoral e o de mercado?
I.S. - A diferença está na generosidade, no ajudar de um com o outro. Quem faz cinema em Pernambuco conhece quem faz cinema e há essa colaboração mútua nas produções, na própria escrita do roteiro, na maneira de fazer. Pensar no cinema pernambucano é pensar em grupo. É claro que existem diferenças em cada mente ali, mas é um grupo.
*Colaborou Eduardo Fahl
BRASÍLIA – A presidenta Dilma Rousseff convocou uma reunião de emergência com a presença de todos os ministros mais o cabeleireiro Celso Kamura. Na pauta, um novo corte de cabelo para o retorno aos palanques, que está agendado para sexta-feira na cidade gaúcha de Candiota, onde a presidenta inaugurará a Usina de Laquê Candiota 3. “Preciso estar com o penteado impávido na cidade brasileira que tem o maior número de lençóis freáticos de laquê. Candiota é a Meca para onde personalidades como Roberto Justus, Michel Temer e Silvio Santos rumam todos os anos numa busca interminável por manter os fios de cabelo sob rídigo controle”.
Celso Kamura apresentou uma série de slides e anotou a reação de cada ministro. A intrépida reportagem do the piauí Herald teve acesso às anotações:
Opção 1: corte Neymar
Anotações de Kamura: Expliquei aos presentes que o penteado estilo moicano está em voga entre os jovens. O corte comunica muito bem com a juventude das grandes metrópoles. É a última moda em Tóquio. Após 20 segundos de silêncio constrangedor, Nelson Jobim não conteve a gargalhada. Michel Temer passou a mão na cabeça e disse “vamos ver o próximo?”
Opção 2: corte Amy Winehouse
Anotações de Kamura: Dessa vez, as gargalhadas foram gerais e iniciaram antes da minha explanação. Só a irmã do Chico Buarque não riu. Vi que a opção Amy Winehouse não colou e passei para o próximo. Mas sabe de uma coisa? Quem perdeu foram eles! Não tiveram a oportunidade de me ouvir falar de um corte que dará reconhecimento internacional à Dilma junto à intelectualidade. Vou sugeri-lo à irmã do Chico após a reunião. Acho que vai ficar bom.
Opção 3: corte Princesa Leia
Anotações de Kamura – Esperei as risadas cessarem por 23 minutos. Nelson Jobim enxugou as lágrimas duas vezes. Palocci pegou o celular, botou no ouvido e saiu da sala. Argumentei que o penteado da princesa Leia emprestará um espírito aguerrido, mantendo uma elegância aristocrática. Acho que foi o mais bem aceito.
Ao final da reunião, Edison Lobão, extasiado, recorreu discretamente à Kamura solicitando um estudo sobre tinturas de cabelo.
26/01/2011 – 13h23
Um refrigerante de maconha, o "Canna Cola", estará nas lojas do Estado americano de Colorado em fevereiro. Cada garrafa custará entre US$ 10 e US$ 15 e terá entre 35 e 65 miligramas de THC (tetrahidrocanabinol), o principal ingrediente psicoativo do cannabis, o gênero botânico utilizado para produzir haxixe e maconha.
As informações foram publicadas na revista americana "Time".
São 15 os Estados americanos onde o uso da maconha para fins medicinais é legal. No entanto, as condições para sua legalidade mudam de um lugar para o outro, e maconha, independentemente do propósito, continua sendo ilegal pelas leis federais.
Há um projeto de lei no Congresso assinado pela senadora Dianne Feinstein, conhecido como "Brownie Law", aprovado pelo Senado no ano passado. A proposta é aumentar as penas para os que fazem produtos que misturem maconha com "algo doce".
O criador do "Canna Cola" é o empresário Clay Butler, que assegura que nunca fumou maconha e que elaborou a bebida por "acreditar que os adultos têm o direito de pensar, comer, fumar, ingerir ou vestir o que quiserem", disse em entrevista à publicação "Santa Cruz Sentinel".
Além do sabor de cola, serão lançados, ao mesmo tempo, o de limão chamado "Sour Diesel", o de uva de nome "Grape Ape", o de laranja "Orange Kush" e, por fim, o inspirado na popular bebida Dr. Pepper, o "Doc Weed".
De acordo com Scott Riddell, criador da empresa que comercializará a bebida, os níveis de THC em "Canna Cola" serão menores que os de outras bebidas do mesmo tipo que já estão no mercado. O efeito no organismo é similar ao de uma "cerveja suave".
Fonte: http://tinyurl.com/4w83t4x
Lea T., que nasceu Leandro Cerezo, afirma que o laquê e a transexualidade são as tendências do verão 2011
SÃO PAULO – O sindicato das modelos, manequins e fashionistas enviou um Hype-Press-Release informando que está em negociações com a organização do São Paulo Fashion Week para exigir que todas as modelos que desfilarem nas passarelas do evento tenham diploma de Moda. O documento foi diagramado pela artista plástica Tomie Othake e escrito por Glorinha Kalil.
O texto defende a regulamentação do setor contra a invasão de atores norte-americanos, ex-BBBs e até músicos. “A temporada de 2010 terminou apontando tendências para manifestações tipo 60´s. A remontagem de Hair no teatro e a volta do laquê são apenas dois exemplos. Por isso, acionamos nossos experts do Sindicato para produzir um documento reivindicando diplomas para quem quiser pisar no solo sagrado da SPFW. Nota: a palavra ’reivindicar’ está em alta. Use e abuse”, dizia o início do manifesto.
Sempre elegante, Glorinha não quis citar nomes, mas fontes ligadas ao Ministério da Cultura revelaram que o setor está preocupado com a proporção que as participações de Ashton Kutcher, Lobão e da atriz Mayana Moura estão tomando. “Não se trata de corporativismo. O problema é que, daqui a pouco, não vai ter mais espaço para as modelos profissionais. Para resolver isso de vez, vamos pressionar o governo para a criação de um edital público para a seleção de modelos concursadas que desfilarão em todos os eventos de moda que ocorrerem no país. Enquanto isso, temos que tomar medidas paliativas para evitar que o troço desande”, declarou Vicente Lucas Marcondes, assessor de economia criativa do Minc.
Fonte: http://revistapiaui.estadao.com.br/blogs/herald/cultura/diploma-de-modelo-sera-exigido-no-spfw
Por meio de pequenos eletrodos inseridos ao lado dos olhos, ele consegue piscar em uma frequência super alta, fazendo com que gere uma ilusão de óptica, não sendo necessário o óculos 3D para ver as imagens.
por Kelly de Souza *
Seu nome é José Alberto Gutiérrez. Todos os dias ele dirige um caminhão de lixo em Bogotá, e com seus ajudantes despeja grandes latas no caminhão. No meio das latas existem caixas e dentro das caixas José, de repente, encontra um exemplar de Anna Karenina, de Tolstói. Ao remexer melhor a caixa encontra outros livros, que retira do caminhão e os leva para sua casa. No dia seguinte, uma nova jornada e José encontra, em outro endereço, uma outra lata de lixo, uma outra caixa e outros livros. Ele já reconhece facilmente esse tipo de “entulho”, e novamente os leva para casa. “Então comecei a perceber que os cidadãos de Bogotá costumam livrar-se dos livros que não querem e os jogam no lixo”, explica José.
Convidado especial da Feria Internacional del Libro de Guadalajara, México, José falou sobre os mais de 12 mil livros (aproximadamente cinco bibliotecas) que conseguiu juntar desde 2000. Segundo o jornal Clarin, que cobriu o evento, o catador de lixo, digo, de livros, parecia estar um pouco desconfortável na cadeira que já havia sido ocupada no evento pelo autor brasileiro Paulo Lins (Cidade de Deus), ou por Jean-Marie Gustave Le Clézio, autor de Diego e Frida (2010) e Nobel da Literatura em 2008, entre outros. José sentou-se com humildade, pediu uma simples Coca-Cola ao garçom, e ficou constrangido com os fotógrafos. Não está acostumado a nada disso, e ficou embaraçado com os aplausos na entrevista, onde explicou como surgiu a ideia de encher o primeiro piso de sua casa com livros encontrados pelos lixos da cidade.
“Minha mãe lia para mim, nos acostumou a ler. Não eram muitos os livros que tínhamos, eram como folhetos de estudo onde havia histórias, fabulas… e todos esses continhos me enriqueceram. Quando eu já era adolescente havia em Bogotá muitos livreiros de rua, então comecei a comprar livros, e aos 13 anos, mais ou menos, comprei a “Odisseia”, de Homero. Fiquei apaixonado pela mitologia”, ressaltou José. A vida foi passando, a coleção foi aumentando e os clientes da sua esposa (costureira) viam aquela imensa biblioteca. Alguns pediam livros de escola emprestados para seus filhos.
José percebeu que os livros que eram jogados fora, que estavam no lixo, não estavam sujos ou estragados. Pelo contrário. As pessoas quando têm suas salas e quartos carregados de “recuerdos”, ou livros, se desfazem deles com respeito e os colocam em caixas separadas, não juntando ao lixo perecível. Assim, em 2000, ele e sua mulher decidiram montar uma biblioteca. “Iniciamos numa sala grande, conseguimos estantes e mesas, os vizinhos vinham visitar e levavam livros emprestados. Montamos um catálogo das pessoas, e estas começaram a fazer também doações, e mais livros foram chegando… e começaram a surgir os Círculos de Leitura, as oficinas… e nos demos conta que o bairro havia ficado pequeno e fomos explorar outras regiões de Bogotá, e outras 3 bibliotecas foram instaladas”. Uma delas está localizada na zona rural, na casa de uma família campestre e a biblioteca é manejada por uma garota de 12 anos.
José não recebe qualquer ajuda oficial, embora as autoridades conheçam seu projeto. Não existem subsídios, apoios financeiros e ele segue sozinho mantendo seu caminhão, indo todas as noites “pescar tesouros” nos lixos da cidade. Milhares de livros devem ser jogados fora todos os dias em São Paulo, Rio, Belo Horizonte e em quase todas as grandes cidades do país, assim como em outras metrópoles do mundo. Centenas de bibliotecas poderiam talvez ser instaladas só com esse material, esse lixo, esse lixo sagrado que é o livro descartado. Numa das salas de José, logo na entrada, escrito na parede, está um dos pensamentos mais dignos de Jorge Luis Borges, onde ele imagina que o Paraíso é como uma grande biblioteca. É lá que mora José Alberto Gutiérrez, o catador de livros.
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* Kelly de Souza é jornalista colaboradora da Revista da Cultura e Blog da Cultura. Compulsiva por literatura, chocolate e escrita - não necessariamente nessa ordem.
Fomos ao cinema do Shopping Plaza eu, Elga, Sam e Arthur assitir As Viagens de Gulliver (Gulliver's Travels). Muito bom se você quiser rir bastante.
Lemuel Gulliver (Jack Black) trabalha no setor de correspondência de um jornal nova-iorquino. Com o sonho de ser um grande escritor, ele vai em direção ao Triângulo das Bermudas para escrever uma matéria, mas tem o trajeto de sua viagem desviado, acidentalmente, para a desconhecida ilha Lilliput. Os habitantes desta terra são minúsculos. Agora grande, ao menos no tamanho físico, Lemuel aproveita-se que os pequenos lilliputianos estão impressionados com ele e se coloca como feitor de alguns dos principais acontecimentos históricos do mundo do qual veio. As invenções deste sonhador colocam a ilha em perigo e ele precisa dar um jeito de consertar o estrago.
Dando uma pausa na minha árdua tarefa do dia (azeitar o eixo do sol), publico fenomenal estudo do ilustre etimólogo e grande amigo meu, Abu Zadim, a respeito das belísimas palavras da nossa língua pátria., publicado no seu (o dele) Blog.
BIMBALHAR
BUFA
CHAPULETADA
FOLOTE
LAMBIDINHA
PACOTINHO
PERERECA
PRESEPADA
SOVACO
UMBIGO
VIRILHA
Antonio Luiz M. C. Costa*
18 de janeiro de 2011 às 16:45h
Entre os lançamentos recentes de livros de terror e fantasia, uma das capas mais interessantes é a do romance A Corrente, de Estêvão Ribeiro (Editora Draco, 184 págs., R$ 33,90), por se distanciar dos clichês do gênero. Em vez de uma casa mal-assombrada ou alguma entidade sobrenatural da noite, exibe um teclado de computador queimado – um objeto familiar, hoje quase onipresente, deformado de maneira a parecer mais ameaçador que um monstro imaginário, o que está de acordo com o espírito do enredo.
A estrutura da obra, por outro lado, não é particularmente original. Segue um modelo comum a muitos thrillers de suspense, nos quais uma maldição ligada a um fantasma vingativo (ou outra entidade com a mesma função) abate um grupo de personagens, um a um. A referência mais próxima parece ser o filme O Chamado (The Ring, 2002) de Gore Verbinski, baseado no Ring japonês de Hideo Nakata, de 1998, derivado, por sua vez, do romance homônimo de Koji Suzuki, inspirado no conto “Okiku e os nove pratos”, do folclore japonês.
Em O Chamado, as vítimas recebiam um telefonema anunciando sua morte depois de assistir a uma misteriosa fita de vídeo. O enredo de A Corrente, nacional e atual, torna-se mais próximo do leitor, mais familiar, verossímil e por isso, mais perturbador, ao recorrer a uma dessas repetitivas e banais “correntes” de e-mails, que prometem a felicidade a quem as repassar e castigos terríveis a quem as ignorar – que neste caso, sempre se realizam.
Muitas das histórias de terror – principalmente as que envolvem fantasmas e similares – são fundadas em boa parte na culpa. E este tipo de combinação do mal-estar tecnológico com a culpa associada à insuficiência ou à inadequação de normas morais tradicionais para lidar com as novas realidades é um achado que sem dúvida outras obras voltarão a explorar no futuro.
Isso dá ao romance um toque de slipstream. A expressão em inglês significa literalmente “cone de aspiração” (ou de sucção), ou seja, o efeito de “vácuo” ou “arrasto” que produz um veículo ao se deslocar em grande velocidade, mas seu uso literário (cunhado por Bruce Sterling, um dos criadores da ficção científica cyberpunk) se refere a obras que, recorram ou não à especulação científica ou fantástica, exploram o efeito de estranheza ou de dissonância cognitiva que resulta da rapidez das transformações sociais e tecnológicas, a sensação de ser “aspirado” e “arrastado” por mudanças rápidas e mal assimiladas. Como em Reconhecimento de Padrões de William Gibson (co-criador do cyberpunk, junto com Sterling) que nada tem de fantástico ou especulativo, mas com a consciência de estar descrevendo uma realidade que há muito pouco tempo seria ficção científica e ainda causa certo pasmo.
Neste caso, o romance testemunha a rápida incorporação ao quotidiano do brasileiro comum de uma cidade média (Vitória, do Espírito Santo) de comportamentos que até início dos anos 90 soariam como ficção científica de vanguarda, difundidos por uma revolução tecnológica, mas que se articulam contraditoriamente com hábitos, superstições e ideias morais e religiosas herdadas de nossos avós. Dentro das convenções do gênero, o enredo de A Corrente é satisfatoriamente bem construído. Os personagens são verossímeis e têm vida. O fundamento da maldição, revelado no final, é suficientemente interessante para não decepcionar, ao ser revelado após longa expectativa.
Deixa a desejar, por outro lado, a adesão desnecessária, às vezes inadequada, a certos clichês do gênero. Por exemplo, antes de apagar o e-mail fatal, cada um dos personagens “punidos” comete algum pecadilho de internet. Baixar um vídeo pornô ou uma música pirata, acessar um chat na hora do expediente, perder tempo atualizando o blog quando se deveria estar procurando emprego…
Lembra os tantos filmes de terror adolescente nos quais as vítimas sempre são apanhadas ao fazer algo “errado”, como fumar maconha ou ter relações sexuais. Além do clichê reproduzir um moralismo irrefletido, neste caso os “erros” são tão periféricos e sem importância que dificilmente alimentarão uma real sensação de “culpa” no mais ingênuo e impressionável dos adolescentes. Só o protagonista cracker (e não apenas hacker, como diz o texto) comete crimes sérios, como roubar senhas de correntistas bancários para cometer fraudes financeiras.
Outro cacoete do cinema a se evitar é a tendência a recair, vez por outra, numa visão “cinematográfica” da cena, mostrando coisas que o personagem em foco não poderia ver, mesmo se os acontecimentos são narrados do seu ângulo limitado (como é usual numa história de mistério) e não do ponto de vista de um narrador onisciente.
Em certas passagens críticas ou violentas, atitudes, percepções e manifestações físicas deixam a desejar em verossimilhança. Policiais atendem a um chamado de emergência para deter um suposto assassino e se fazem anunciar pelo porteiro. Um personagem luta com uma pessoa acamada pela posse de um molho de chaves sem perceber que a segunda está se encharcando de álcool e acendendo um isqueiro (impossível visualizar) e as reações ao incêndio que se seguem são pouco convincentes. Um tiro e o desabamento de uma pilha de sacos de cimento num corredor ligado a um hospital lotado passam despercebidos, sem chamar a atenção de ninguém. Mesmo uma história de terror fantástico deveria ser mais realista em pormenores como esses.
Certas repetições de situações e reafirmações do óbvio deixam a sensação de “já li isso antes” e poderiam ter sido evitadas. A revisão deixou escapar alguns erros incômodos, tais como “não apreciará de estar ali” (p. 23), “mal estado” (p. 25), “sofrível cena” (com o sentido equivocado de “cena de sofrimento”, p. 46), “parecem não lhe obedecerem” (p. 65), “sua amiga está lhe traindo” (p. 66). Referimo-nos ao discurso do narrador, é claro: em diálogos, chats e e-mails, os “erros” reproduzem adequadamente a linguagem coloquial do contexto.
No conjunto, apesar destas as ressalvas pontuais, as imperfeições não chegam a comprometer o resultado. É um bom thriller sobrenatural para quem aprecia o gênero.
* Antonio Luiz M.C.Costa é editor de internacional de CartaCapital e também escreve sobre ciência e ficção científica.
Como diz meu amigo Abu Zadim, que mora no Canadá, dá vontade de colocar essa música como toque do celular.
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O Conselho Canadense de Padronização em Transmissões anunciou o banimento da música "Money For Nothing" das mídias locais. A ordem partiu após a reclamação de um ouvinte, da rádio CHOZ-FM, que se queixou do uso da palavra "faggot" (bicha) três vezes na letra. A alegação foi de ofensa extrema a gays, lésbicas, bissexuais e transgênicos.
O Conselho é um órgão independente, criado pelas estações de rádio e televisão do país.
Não! Não é Miami Beach. É Porto de Galinhas, Ipojuca, PE, BR
Não há quem possa com o brasileiro.
Chupado, na maior de Sertão do Fiofó – As notícias do cu do mundo
MARCOS MAIRTON - QUIXADÁ-CE
Caro Papa,
Vossa Santidade bem sabe que evito tratar de assuntos jurídicos neste JBF. Também não gosto de falar de novelas. Mas, o fato é que não resisti à tentação de tecer as seguintes considerações jurídicas sobre a novela das nove da Rede Globo. Tenho certeza que algum dos trinta mil leitores diários assiste ao folhetim e merece alguns esclarecimentos. Bem, vamos lá.
Quem assistiu ao capítulo ontem (10.01.2011) da novela Passione, viu a prisão da vilã Clara, como desfecho de um plano armado por um policial civil, chamado Diogo, em parceria com o personagem principal, o italiano Totó, marido de Clara.
Segundo a trama global, Clara havia falsificado um testamento por meio do qual ficaria com todos os bens de Totó, após a sua morte. Ocorre que a jovem senhora estava sendo investigada por outros crimes e, por causa disso, o investigador que a seguia acabou descobrindo suas intenções. Detalhe importante é o fato de o investigador haver descoberto isso depois de haver roubado a chave da casa da investigada e ter entrado na dita casa clandestinamente.
O que aconteceu em seguida foi que o investigador contou para Totó que sua esposa pretendia matá-lo e armou um plano com ele, Totó, para prender Clara. O plano é simplesmente fantástico. O policial, fingindo-se de cúmplice de Clara, arranjou a arma para matar Totó e combinou com ela que simulariam um assalto. No assalto, Totó seria assassinado. O resultado disso seria que, enquanto Clara pensaria estar executando seu plano de matar Totó, este é que conseguiria provar que Clara pretendia matá-lo para ficar com a herança.
Plano feito e plano realizado, chegou-se finalmente ao capítulo de ontem, com o suposto defunto Totó aparecendo e Clara sendo desmoralizada e presa. O policial Diogo aproveitou para anunciar que, além do furto pelo qual respondia, a malvada também passaria a responder por falsidade ideológica e tentativa de homicídio.
E se não fosse novela?
Se não fosse novela, Clara jamais poderia ter sido presa por tentativa de homicídio, pois a arma que usou para atirar em Totó usava munição de festim, providenciada pelo próprio policial que armou tudo. Era, portanto, impossível consumar-se o homicídio, e não existe tentativa de crime impossível, como diz expressamente o Código Penal:
Crime impossível (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Se não fosse novela, ela também não teria sido presa por falsidade ideológica – como anunciou o policial – pois falsificar um testamento não seria falsidade ideológica (art. 299, do Código Penal), mas falsificação de documento público (art. 297, do Código Penal). Mas ela também não seria presa por isso, pois o documento havia sido falsificado lá no começo da novela, na Itália, logo, não havia flagrante. Isso se não se considerar que a falsificação era só meio para se chegar ao crime fim, que seria o recebimento da herança, após a morte de Totó, mediante o uso de tal documento, o que configuraria estelionato (art. 171). Entretanto, como tal morte não ocorreu, o crime não tinha como se consumar, logo, nada de prisão.
Tudo bem, a jovem senhora já havia sido presa antes por furto, e estava em liberdade provisória, que poderia acabar sendo revogada por causa de toda essa confusão. Mas, nesse caso, teria que haver uma ordem judicial cassando a liberdade provisória, etc, etc.
Conclusão um: o autor bolou uma bela trama, mas foi traído pelas armadilhas do Direito Penal.
Conclusão dois: é muito mais fácil prender bandidos em novelas que na vida real.
E só pra finalizar, mais um detalhe.
Se não fosse novela, o policial Diogo teria que prestar contas dos seus atos perante a Justiça, pelo fato de haver entrado na casa de Clara usando a chave roubada, pois “entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências” é crime de violação de domicílio (art. 150, do Código Penal), cuja pena tem aumento “de um terço, se o fato é cometido por funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder” (§ 2º).
Bem, essas são as minhas impressões. Como em tudo que se discute em Direito, deve haver um monte de gente que discorda delas.
Chupado, na maior, do Jornal da Besta Fubana
Para deleite de seus fãs, a cantora baiana PITTY passou os últimas dias postando uma série de gravações raras de sua banda em seu perfil oficial no Twitter (@pittyleone) e, também, em sua página oficial na Blip.Fm (http://www.blip.fm/pittyleone).
Entre elas, estão algumas versões interessantes para canções do The Police (“Message in a Bottle”), Faith No More (“Digging the Grave”), Velvet Underground (“Pale Blue Eyes”), Ultraje a Rigor (“Nós Vamos Invadir sua Praia”) e até uma versão em português para “I Don’t Wanna Grow Up” – do Tom Waits e imortalizada pelos Ramones. Esta última, aliás, tem um clima meio folk e conta com a especialíssima participação de integrantes da banda Devotos de Nossa Senhora Aparecida, capitaneada pelo ex-VJ da MTV Luiz Thunderbird.
Já a interpretação do Velvet Underground traz a participação de Dengue e Pupillo, respectivamente baixista e baterista/percussionista da Nação Zumbi.
Publicado em agosto 11, 2005 por Nora Borges
A sala estava cheia de caixas de papelão, etiquetas e rotuladores de cores variadas…
Enquanto eu desfazia as estantes de livros e tentava não pensar que teria que separar-me deles, a minha vida ia passando diante dos olhos como um filme antigo, em preto e branco…
Olhava o livro, lembrava onde o tinha comprado, em que época havia lido, que sentimentos havia despertado em mim. Alguns iam direito para uma das caixas. Poucos, devo admitir. Outros, muitos, ficavam ali na mão, pedindo para serem abertos, relidos, mostrando as notas feitas a lápis nas margens de algumas páginas, reagindo a serem trancados entre quatro paredes de papelão por um tempo indeterminado.
Um sofrimento!
Eu já sabia que não poderia levá-los comigo, pelo menos de imediato.
Mas onde guardá-los?
Pensei nele. Um dos meus irmãos que adora ler. Mas os livros em sua casa, depois de lidos (apenas por ele), eram objetos sem categoria.
Perdiam qualquer batalha por algum status na família. Ficavam guardados numa antiga e fria despensa, misturados com trastes velhos.
Sua esposa adorava que as estantes de sua sala fossem super-clean. No máximo uns pequenos objetos decorativos de vidro transparente, um ou outro vaso com arranjos de flores secas, belos candelabros. E só.
- Livros? Na sala? Nem pensar! Dizia que cheiravam a papel velho e guardavam toda a poeira do mundo.
Pois então… os maravilhosos livros de meu irmão dormiam na gélida despensa mesmo. E digo dormiam porque sequer estavam dignamente em pé, com o lomo aparecendo. Jaziam deitados. Todos. E de frente.
Irreconhecíveis!
Por cima de seus corpos, um sem número de objetos: sapatos velhos, cabides quebrados, bacias furadas, espanadores rotos, sacos plásticos vazios… “Pedacinhos de morte”, como diria Cortázar.
Para lá eu não mandaria um só dos meus queridos pedaços de vida…
Escolhi apenas os didáticos que pudessem ajudar seus filhos nos exames de vestibular. Esses sim… estariam espalhados pelos quartos dos meninos, até que não fossem mais tão úteis e acabassem no Cemitério dos Esquecidos. A terrível e bolorosa despensa-trasteiro-biblioteca.
Separei também Obras Completas de Freud, que ele pediu-me com os olhos brilhantes, mas só com a promessa de que ficassem na prateleira do quarto de um de seus filhos, se esse concordasse. Não podia sequer imaginar que Totem e Tabu ou a Interpretação dos Sonhos fossem enterrados naquele monte de tranqueiras!
Bueno, pensei em meu outro irmão. O Pescador de Ilusões.(Um dia eu explico esse apelido.) Essa criatura nunca leu um livro inteiro. Mentira minha. Leu sim. Um. O Alquimista…
Suas estantes são cheias de troféus de pesca, cinzeiros e estatuetas horríveis. Mas ele as adora!
Bueno, não custava tentar.
Suspirei quando ele disse que não tinha espaço para guardar meus livros. Eu já sabia… suspirei nem sei por que.
Depois de trocar mil vezes de opinião sobre o que fazer com eles, revendo preços das companhias aéreas, navios, correios, passando inclusive pela encantadora idéia de tirar tudo das malas e transformá-las numa biblioteca ambulante (as roupas são perfeitamente compráveis em qualquer parte do mundo) e descobrindo que o peso das pobres coitadas quadruplicava sem resolver a questão, – cabiam tão poucos! – voltei às caixas. Separei tudo de novo e criei categorias para eles. Categorias afetivas, diga-se de passagem! Deixei tudo ali, no meio da sala, até conseguir pensar com calma. Tarefa difícil naqueles dias.
Ainda tinha que saber o que fazer com as cartas, bilhetes, fotografias… Antes sabia que podia contar com a cumplicidade e discrição da Princesa.
Mas… agora que ela não vivia mais, como deixar minha vida assim, por escrito, nas mãos de outro alguém que não fosse ela??!
Meu coração parava quando olhava para o armário e via a enorme caixa de cartas…cópias das enviadas junto com as recebidas, no mesmo envelope. Maços e maços envolvidos em fitas. Meus sentimentos escancarados, escritos em épocas distintas para os personagens importantes de meu passado… Mas esse capítulo merece um post a parte.
Concentrei-me nos livros. Tinha que encontrar uma saída.
Finalmente tive uma idéia fantástica! Chamei uma amiga querida (ela, aquela que rondava minha porta nos dias de escuridão) e fiz uma proposta semi-indecente. Ela ficaria com meus livros mais queridos (muitos) em sua casa e em lugar de honra (por favor!) e assim que eu pudesse iria buscá-los, pouco à pouco. O resto eu deixaria com o Pescador de Ilusões, mesmo sabendo que seriam abandonados nas prateleiras do quarto de serviço. Um lugar arejado, pelo menos! Seriam resgatados assim que eu pudesse.
Pois sim…ela disse sim. Mas não poderia quitá-los das caixas. Ainda não tinha casa. Receberia seu apartamento em alguns meses, mas não poderia mobiliá-lo até que pagasse as últimas prestações. E não sabia quando poderia viver nele.
Foi aí que minha idéia cresceu. Ofereci-me para mobiliar sua casa. E emprestei tudo o que estava destinado a um depósito: lavadora de roupas, geladeira, fogão, micro-ondas, televisão, cama de casal e solteiro, mesinhas, luminárias, condicionador de ar, estantes, objetos de cozinha, etc… e livros. Muitos e deliciosos livros. Sabia que estaria tudo muito bem cuidado. E vivo! Respirando, fazendo parte do seu cotidiano.
Que mais precisa uma pessoa para começar a vida num apartamento novo e sozinha?
Sim, sei. Música. Isso ela já tinha, ainda bem.
Seus olhos faiscavam de alegria. Já podia contar com a casa montada!
Agradeceu-me contentíssima! Que graça! Ela me faz o favor e ainda agradece!?
Disse-lhe então que eu deixaria com ela só mais uma coisinha. Grande, mas que não ocupava espaço: toda a minha gratidão. Na verdade, nossa. Pois creio que os livros também agradecem a vida que estão levando…
Soube que está lendo como nunca… e sorrio feliz com a notícia!
Hoje papai faz 90 (!) anos. Precisava fazer uma homenagem a ele em tão importante momento. Pesquisando na net (sempre nela) descobri uma entrevista feita em 1997 para o fanzine Pipoca Moderna, que Clóvis Campêlo publicou em seu blog.
Detalhe ao fundo da foto de uma caricatura de Melqui feita por Marianne Peretti (1927), artista plástica francesa, nascida em Paris, de mãe francesa e pai pernambucano, que vive no Brasil desde 1953, quando se mudou para São Paulo. A entrevista está abaixo.
“Quem com ele troca idéias e palavras, fica com a certeza de que se trata de uma pessoa racional e atenta aos conceitos do mundo moderno. Para consolidar essa impressão, define-se como "um homem de esquerda", que cita Marx e Lennin nas suas falações.
No seu box, na Praça do Sebo, porém, mantém um eclético santuário onde convivem, em perfeita harmonia, as imagens de Padre Cícero, N. Sª. Aparecida, Exu Tranca-Rua, Pomba-Gira e do Cabloco Pena Branca, entre outros. Um pouco de fé mística, afinal, não faz mal a ninguém.
Grande conhecer da música brasileira das décadas de 40 e 50, também navega com certa desenvoltura pelas águas da Bossa Nova e do Tropicalismo. Em relação à música pernambucana, prefere Nélson Ferreira à Capiba e faz críticas moderadas ao Movimento Mangue, sem nenhum xenofobismo, "pelo excesso de anglicismos".
Crítico pertinaz da falta de sensibilidade dos orgãos oficiais de cultura, está sempre cercado de bonitas secretárias e ultimamente adotou a fotografia como passatempo.
Foi com essa figura ímpar, chamada Melquisedec Pastor do Nascimento, o maior livreiro do Brasil, que iniciamos uma série de depoimentos ao Pipoca Moderna (Clóvis Campêlo).
A ORIGEM
"Sou recifense, nascido dentro dos mangues do bairro dos Afogados, no dia 3 de janeiro de 1921. Minha instrução começou numa Escola Particular Mixta, onde me desasnei aprendendo a ler na Carta de ABC de Landelino Rocha. Eis aí todo o meu currículo escolar. Extremamente pobre, minha mãe, que me criou sozinha, dizia: "Entre estudar e trabalhar, não podendo fazer os dois, trabalhe-se!". Passei a trabalhar e a estudar na escola da vida".
A PROFISSÃO
"Habituei-me a ler lendo folhetos de feira, almanaques de farmácia e jornais, estes motivado pelo retrato da vítima. Depois revistas, depois livros. A curiosidade por esses, levou-me ao sebo do negro Manoel Berlamino da Silva, o qual me iniciou na profissão, levando-me a vir a ser o maior livreiro do Brasil. O meu reconhecimento da importância do comércio de livros usados e a minha dedicação a ele, deram-me esse laurel. Considero minha profissão a mais digna de todas as profissões".
OS PROBLEMAS
"Os poderes públicos têm coisas mais nobres com que se preocuparem... Os sebistas do Recife transbordaram da Praça do Sebo e espalharam-se pelo centro da cidade, vivendo como Deus é servido... Como sebistas, alfarrabistas, antiquários ou libervelheiros o que é positivo é dignamente semear livros. Efetivamente, apenas o Dr. Gustavo Krause foi sensível ao comércio de livros usados aqui no Recife, agrupando os sebistas no Mercado de Livros Usados. Os poderes públicos não são sensíveis à problemática da educação, sequer..."
IDEOLOGIA
Sensível à questão social desumana, tornei-me um homem de esquerda, a única pauta para julgar a conduta humana, verificar se contribue ou se opõe à causa do socialismo".
A SITUAÇÃO DO PAÍS
"A situação política e cultural do país despenca e não vejo nada que esteja se fazendo para ampará-la. A solução seria criar escolas primárias para oferecer instruções sobre patriotismo. E que os dirigentes criassem vergonha na cara."
A PRAÇA DO SEBO
"A Praça do Sebo ou corretamente o Mercado de Livros Usados do Recife, foi o movimento mais promissor para a cultura que se fez nesta cidade. Reuniu-se em local digno sebistas precariamente instalados aqui e ali. Eram pequenos comerciantes que, mais ou menos, contribuíam para a continuação desse comércio, então um tanto estagnado. Contamos com a iniciativa e o apoio de Liêdo Maranhão, Francisco Balthar Peixoto, Paulo Roberto de Barros e Silva e Edson Wanderley, entre outros, simpáticos a esse comércio cultural. O então prefeito Gustavo Krause determinou a construção. Foi feito um convênio entre os sebistas e a Prefeitura. Infelizmente as administrações Jarbas Vasconcelos encarregaram-se de não cumpri-lo. Hoje, a situação da Praça do Sebo é deprimente para a educação e a cultura recifenses. A solução seria a Prefeitura cumprir as exigências que lhe impõe o convênio estabelecido por ela mesmo para o funcionamento do Mercado de Livros Usados do Recife".
MENSAGEM FINAL
"Para finalizar, uma mensagem aos leitores pipoqueiros: é preciso ler, é preciso ir aos sebos, santuários de raridades bibliográficas a preço de sebo. Além do mais, é preciso entender que o conceito ideal de cultura é personalizar o indivíduo, desenvolver o raciocínio e a imaginação. Integrá-lo na educação e na cultura, refinar-lhe o espírito. Prepará-lo para a vida".
Clóvis Campêlo
Recife, 1997