28/03/2009

Led Zepellin: ex-ministra dos EUA declara amor pela banda

Condoleezza Rice, ex-Secretária de Estado Americano, concedeu uma entrevista no último dia 24 de março ao programa "The Tonight Show", apresentado pelo irreverente Jay Leno, e disse que o Led Zeppelin é sua banda favorita e que os ouve enquanto se exercita: "Nessa hora eu posso realmente estar com o LED ZEPPELIN", declarou.


Não é assim que se escreve o nome da banda


Uma emissora de TV do Distrito Federal publicou uma matéria online quando da passagem do Iron Maiden por Brasília.


Entretanto, eles cometeram um pequeno errinho no nome conforme pode ser visto neste link (imagem reproduzida ao lado).


(Agradecimentos: Marco Machado)

10/03/2009

Viva dom Helder, o bispo das putas!

A beleza da exceção ou saudades de dom Helder
Por Anna Maria Ribeiro

Não consigo fugir da duplicidade do título. Atribuí um, depois outro, e percebi que o certo seria valer-me dos dois.

Nestes últimos dias em que vi excomungada uma equipe médica que cumpriu com seu dever e, com a Lei, me dei conta de que para a religião católica não existe a possibilidade de exceção.

Pouco sei sobre as outras religiões para generalizar a descoberta atribuindo a todas elas este estranho fenômeno. Fenômeno, sim. E dos maiores. Exceção existe em tudo e em todos. Mesmo no Dura Lex, Sede Lex as exceções ocorrem. Caso não ocorressem, desnecessários seriam os magistrados que a interpretam aplicando-a com bom senso e inteligência, adaptando-a às circunstâncias, cada situação que nela se enquadre.

Exceções existem de montão na natureza e no ser humano, ambos criados por Deus, segundo a Igreja. Não admiti-la é absurdo e desumano, como no caso da menina de nove anos estuprada pelo padrasto. Não discuto a posição oficial da Igreja contra o aborto. É lá uma Lei dela e deve ter sua razão de ser. Mas esta Lei não admite exceções? Nenhuma? Isto me parece burrice.

Mais do que isto parece uma incoerência. Por que o não matarás dos 10 Mandamentos (de onde, me parece, se origina a proibição do aborto) não é aplicado durante guerras que eliminam milhões de soldados e não participantes inocentes? Por que não são excomungados os que as promovem ou os que delas participam? É uma exceção ou não é?

O desumano pronunciamento do Arcebispo de Recife é um tanto sem pé nem cabeça, não é não?E ai vocês devem estar se perguntando: onde entra D. Helder nesta história?

Além da coincidência de ter sido, também ele, Arcebispo de Olinda e Recife, foi uma das pessoas mais humanas que conheci. Muito amigo de meu pai tive o privilégio de conversar com ele muitas vezes. Fui educada na religião católica, mas não me tornei uma. Não cabe aqui comentar por que deixei de sê-lo. Mas me encantava ouvir D. Helder falar.

A religião católica, a dele, era verdadeiramente a do perdão, a da compreensão, a da aceitação, a da compaixão, a da caridade, nas acepções mais bonitas que possam ter estas palavras. Humano ele era e porque tão humano tinha algo de divino.

Lembro-me da última vez que o visitei em Recife, como sempre o fazia quando lá ia a trabalho. O cafezinho, naquela casinha nos fundos da Igreja das Fronteiras, era de lei. Pouco tempo depois ele morreu e me fez falta. Faz muita falta a este País, como vejo agora.

Desta última vez que o vi contou-me uma história deliciosa que com ele havia ocorrido nos anos de chumbo. Lembro-me de que ri muito e só depois percebi que o riso fácil era uma conseqüência menor do ocorrido. A história é tão linda que nem sei! Não faz rir, não. Faz pensar o quanto havia de grande e humano naquele homem frágil, de voz tão mansa.

Mas vamos ao relato e vocês julgam: naquela época tão sofrida dos anos que se seguiram a 1969, D. Helder era uma figura preocupante.

Como enfrentá-lo?

Confinando-o à sua Arquidiocese a “gloriosa” tinha a maior dificuldade em fazê-lo calar-se. Os olhos do mundo estavam sobre ele e uma repressão maior que o confinamento teria conseqüências funestas para o Governo.

Havia um pavor de que qualquer agressão a ele dirigida pudesse ser atribuída à truculência da revolução. E esta delirava temendo que um atentado “terrorista” fosse engendrado para incriminá-la.Da mesma forma, os admiradores D. Helder temiam por alguma agressão desta mesma revolução. Isto fazia com que qualquer deslocamento do Arcebispo fosse acompanhado por carros das duas facções visando garantir e proteger sua integridade física.

Isto incomodava D. Helder que adorava andar a pé pelas ruas do Recife e gostava de fazê-lo com liberdade. Naquela mesma época o Prefeito de Recife resolveu, a bem da ordem e dos bons costumes, banir da cidade as prostitutas, transferindo-as para uma periferia longínqua.
Apavoradas com a possível redução da clientela que lhes garantia o sustento, foram procurar D. Helder para que intercedesse a seu favor. O que ele prontamente fez conseguindo que fosse sustada a medida convencido de que “esconder o sofá” não resolveria o problema social.

Pois bem, num de seus passeios a pé, D. Helder desesperado com a perseguição dos dois carros, deu uma de esperto. Enveredou-se por uma ruela à qual os carros não poderiam ter acesso. Só depois de andar alguns metros é que se deu conta de que estava em pleno baixo meretrício.

Prostitutas em portas, janelas e sacadas, quase nuas, ajoelhavam-se à sua passagem pedindo a benção que ele foi ministrando à direita e à esquerda, apertando o passo para dali sair o mais rápido possível antes que algum repórter surgindo do nada registrasse o inusitado episódio que faria a festa de jornais do mundo inteiro.

Já quase no fim da rua, de uma das sacadas veio o grito entusiasmado e comovido: Viva D. Helder, o bispo das Putas! E a rua explode em palmas e vivas. Sorrindo ele se foi. E sorrindo me contou a história.

Bonito, não?

É o que faria Cristo, acho, na mesma situação.

Mas certamente não é o que faria o atual Arcebispo.

Mas certamente isto se deve ao fato dele não conhecer o Filho de Deus tão intimamente quanto D. Helder conhecia.

E, porque não conhece não aprendeu que considerar que as exceções, e tratá-las como tal, é um ato humano, bonito, inteligente e, sobretudo, cristão.

06/03/2009

Guerra é guerra!

Ronaldo Correia de Brito
Do Recife (PE)

No tempo do saudoso jornal carioca O Pasquim, quando era questão de honra para o cara ser válido, lúcido e inserido no contexto andar com o jornalzinho (me perdoe, turma, pelo diminutivo) debaixo do braço, se o jornaleco (outra com que se autodenominavam) estava em baixa, vendendo pouco, tacavam uma briguinha entre paulistas e cariocas, disputas que nunca deram em tapas, mas ajudavam a incrementar as tiragens.

Pensei por esses dias de quarta-feira de cinzas, sem nenhuma ressaca, que já está no tempo de Pernambuco e Bahia, ou se preferirem Recife e Salvador, oficializarem sua disputa pelo título de melhor carnaval brasileiro. Eu, claro, torço pelo Recife. E lá vai a primeira de Antonio Maria:

Sou do Recife com orgulho e com saudade
Sou do Recife com vontade de chorar
O rio passa levando barcaças pro auto do mar
Em mim não passa essa vontade de chorar...

Seria uma guerrinha dionisíaca, de confetes e serpentinas, sem mortos nem feridos, nada semelhante à Revolução de 1817, feita pelos pernambucanos na companhia da gente da Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas, em que os baianos entraram de traidores e meteram chumbo nos revolucionários. Seria guerra mais para marcha junino/carnavalesca de Morais Moreira:

... bombas
na guerra magia
ninguém matava, ninguém morria
nas trincheiras da alegria o que explodia era o amor...

A Praça Castro Alves pode até ser do povo, como afirmou Caetano Veloso, mas do povo mesmo é o carnaval do Recife, onde ninguém paga ingresso para brincar. E como se brinca desde a virada do ano! Da zona da Mata Norte, chegam os insurgentes caboclos de lança dos maracatus rurais. As lanças cobertas de fitas se elevam no meio dos canaviais como o pendão das canas, brincantes ressuscitados que as moendas dos engenhos e usinas não conseguiram triturar. E os mestres puxam as loas e os chocalhos badalam, badalam, badalam...

É da estrela da tarde
Meu maracatu guerreiro
É da noite é do dia
É do povo brasileiro.

E mais adiante, bem mais adiante, o batuque virado das nações dos maracatus negros, e um pouquinho depois deles Chico Science e a Nação Zumbi da lama ao caos. Multicultural e sem dono, anônimo e com títulos, coletivo e pessoal, caboclinhos, tribos, clubes, blocos, troças, la ursa, bois, burrinhas, escolas de samba, afoxés, o diabo a quatro e os bêbados que nunca conseguem fazer um quatro aí que eu quero ver, é o carnaval do Recife, de Pernambuco nação cultural, terra onde dois rios, o Capibaribe e Beberibe se juntaram para formar o Oceano Atlântico. Acham pouco? Eu acho é pouco! O nome de mais um de mil blocos.

Felinto, Pedro Salgado, Guilherme, Fenelon
Cadê teus blocos famosos?
Bloco das Flores, Andaluzas, Pirilampos
Apôs-funDos carnavais saudosos...

E nas altas madrugadas da quarta-feira de cinzas, quando alguns brincantes entoam as marchas de Nelson Ferreira, Edgar Morais e Getúlio Cavalcanti, em pontos diversos da cidade ainda se brinca de ser diverso. E enquanto não sai O Bacalhau do Batata, lá no Alto da Sé de Olinda, na Praça do Marco Zero as orquestras e os coros teimam em afirmar que:

É lindo ver o dia amanhecerCom violões e pastorinhas milDizendo vem que o Recife temO carnaval melhor do meu Brasil.

Ronaldo Correia de Brito é médico e escritor. Escreveu Faca e Livro dos Homens.