LOBÃO nesta terça-feira (22/11) divulgou uma nova nota oficial em seu perfil no Facebook sobre a sua decisão em não tocar no festival Lollapalloza Brasil e que pode ser lida na íntegra abaixo:
Nota de Esclarecimento
Nossa intenção era que a nota enviada ontem, dia 21/11/2011, para toda imprensa fosse suficiente para esclarecer os fatos que levaram o Lobão a desistir de tocar na edição brasileira do festival Lollapalooza, mas desde então, muitos boatos e atitudes arbitrárias foram tomadas, nos forçando novamente a fazer um comunicado oficial, o qual esperamos que seja claro, objeto e final.
- É de conhecimento que o Lobão gravou um vídeo em que manifesta sua opinião a respeito da forma como os artistas brasileiros vem sendo tratados nos grandes festivais. Conta também sobre a recusa em participar do festival.
Vale deixar muito claro, que a decisão de NÃO PARTICIPAR DO EVENTO foi do Lobão e não o contrário. Portanto, o músico não compreende o comunicado enviado ontem, dia 21/11/2011 pela Geo Eventos dizendo que mantinha o convite feito ao músico, sendo que, no mesmo dia, nossa assessora de imprensa tentou um contato com a GEO Enventos, na intenção de promover uma conversa franca, clara e frente a frente com o músico Perry Farrell, mas até o momento não recebeu nenhum resposta. Essa conversaria colocaria um ponto final em toda a polêmica causada, evitaria boatos e o famoso “disse que disse”.
O CONVITE
O Lobão foi convidado a participar do evento (e se sentiu muito honrado com isso). Seu agente chegou a assinar a carta intenção e o músico - inclusive - iria se apresentar-se por um cachê menor, com condições diferentes do que ele estipula em seus shows, porque tinha em mente a importância de fazer parte do Lollapalooza. Portanto, não teria motivo para desistir se não fosse por uma razão que tanto o músico como sua equipe consideram séria. Em anexo a cartão de intenção,
NÃO SE TRATA DE NACIONALISMO DEMAGOGO
Também é muito importante salientar que não se trata de uma posição bairrista ou mesmo nacionalista demagoga. Lobão é admirador da música e da arte americana, assim como de outros países, muito diferente do pouco conhecimento demonstrado pelo músico Perry Farrell em entrevista para a Folha de São Paulo, em que cita: "Estou aprendendo sobre os brasileiros agora, assim como vocês estão aprendendo agora sobre as bandas internacionais" e arremata dizendo que não conhece a música do Rappa, mas que o vocalista da banda é sexy.
Na mesma matéria Perry Farell deixa claro o pouco conhecimento que tem do cenário brasileiro com a seguinte afirmação: “Espero que o Lollapalooza traga essa cultura de festivais e shows internacionais para a América Latina. Ops, para o Brasil”.
E para finalizar deixa uma dica totalmente equivocada para um músico que tem dezenas de hits, mais de 30 anos de carreira e milhares de discos vendidos ao longo dos anos: “Vou dar um conselho a ele: grave um disco muito bom, um que todo mundo ame, e faça as pessoas quererem vê-lo ao vivo. Então, ele poderá ser headliner de um festival”
O ESPAÇO PARA BRASILEIROS
A questão central não é o horário que havia sido estipulado para o Lobão, mas sim, a forma como os artistas nacionais estavam divididos dentro do festival. Repetindo o que foi dito na nota de ontem: ficou estipulado que o Lobão iria tocar no dia 08 de abril, às 15H. Até então não haveria problema algum, mas, o músico recebeu a informação de que, todos os artistas brasileiros que iriam tocar nos dois palcos principais do festival só poderiam tocar das 10H às 15H e, que horários nobres estavam reservados para os artistas internacionais. Para que não houvesse qualquer tipo de desentendimento, Lobão ligou diretamente para o empresário Sergio Peixoto da GEO Eventos questionando a informação, a qual - infelizmente - foi confirmada.
Foi vendida para o lobão a idéia de que ele seria o artista principal, fechando as atrações brasileiras, como se a tal situação fosse motivo de orgulho, enquanto na verdade para ele é motivo de vergonha.
CONVOCAÇÃO AOS BRASILEIROS
O que Lobão pede é uma recuperação de auto-estima. Até quando o público e a classe artística vão deixar que os empresários e os grandes festivais nos desfavoreçam dessa forma? É uma questão de respeito mutuo, de reconhecimento de nossa arte e interação equilibrada e harmoniosa entre todos os artistas de todos os países.
Não importa se o músico irá tocar às 10H da manhã ou no final da noite, o que se questiona aqui é o pouco valor dado para os músicos brasileiros em geral e para as bandas do nosso mainstream que são tratadas como iniciantes num festival internacional, por sinal, festivais que obviamente estão enxergando que diante da crise mundial, o Brasil é um ótimo lugar para se fazer lucro.
Pagamos caro em ingressos, compramos com meses de antecedência e não estamos dando valor a nós mesmos?
O que Lobão não aceita é que os artistas nacionais sejam colocados como segundo plano e que não sejam tratados com o respeito que merecem. E enquanto o público, a mídia e os próprios artistas continuarem a aceitar isso, o Brasil continuará sendo visto como o país da selva e de terceiro mundo, onde qualquer estrangeiro chega aqui e faz o que bem entende com a nossa música, com o nosso rock n roll.
Os festivais precisam ceder a nós. São eles que precisam da nossa bilheteria, e não o contrário.
Citamos mais uma vez, que nos entristece perceber, se torna mais fácil vender a imagem do Lobão polêmico e lunático do que admitir a situação e dizer que vão corrigi-la.
Com os rumos que as coisas tomaram e principalmente após a entrevista dada por Perry Farrell agora Lobão não tem mais dúvidas de que estava certo quando percebeu que os artistas nacionais não estavam sendo tratados como deveriam.
O músico que estava muito honrado com o convite, infelizmente sente-se frustrado em perceber que atual situação – novamente – não tem servido como motivador para que a classe artística e o público tomem uma atitude em relação ao fato.
Ninguém está fazendo favor aos brasileiros, somos nós que estamos recebendo os grandes festivais aqui, portanto, acreditamos que esta questão seja de imensa importância para que possamos discutir até quando os ARTISTAS e a CULTURA BRASILEIRA serão colocados em segundo plano dentro do próprio país. Nós queremos intercambio musical sim! Admiramos as bandas internacionais, mas queremos o mesmo intercambio dentro do respeito e integridade.
Acreditamos que dessa vez a situação esteja esclarecida e que consigamos dar um passo a frente, tomar uma atitude e mudar para melhor.
Atenciosamente,
Lobão e sua equipe".
Nenhum comentário:
Postar um comentário