Por Eduardo Guimarães
É inquestionável a importância das dezenas - talvez centenas - de bandas brasileiras que surgiram nos anos 80 e ajudaram a criar a cena do Rock nacional. Tantos anos depois daquela efervescência cultural, como as pessoas que estiveram diretamente ligadas aquilo vêem o passado? Na matéria a seguir dois personagens dessa história e um DJ especializado em música dos anos 80 relembram e comentam um pouco sobre aqueles anos. Confira.
Se os anos 80 são conhecidos como década perdida devido à estagnação econômica, no mundo da música as coisas foram diferentes. No exterior surgiram novos grupos e artistas apresentando um novo som dançante, cheio de timbres e texturas sonoras criadas por uma nova geração de instrumentos eletrônicos. Era a New Wave, depois o Synthpop e tudo que veio do Kraftwerk e fez parte das origens da música eletrônica.
É inquestionável a importância das dezenas - talvez centenas - de bandas brasileiras que surgiram nos anos 80 e ajudaram a criar a cena do Rock nacional. Tantos anos depois daquela efervescência cultural, como as pessoas que estiveram diretamente ligadas aquilo vêem o passado? Na matéria a seguir dois personagens dessa história e um DJ especializado em música dos anos 80 relembram e comentam um pouco sobre aqueles anos. Confira.
Se os anos 80 são conhecidos como década perdida devido à estagnação econômica, no mundo da música as coisas foram diferentes. No exterior surgiram novos grupos e artistas apresentando um novo som dançante, cheio de timbres e texturas sonoras criadas por uma nova geração de instrumentos eletrônicos. Era a New Wave, depois o Synthpop e tudo que veio do Kraftwerk e fez parte das origens da música eletrônica.
O Rock pesado dos anos 70 ganhou novos elementos e nasceu a New Wave of British Heavy Metal. Na seqüência o Thrash, o Death, o Black e aí por diante.
No Brasil, a anistia e a transição da ditadura para o regime democrático ajudaram a criar um clima eufórico que refletiu na produção cultural. A juventude que até então estava amordaçada pôde falar mais alto. A censura dava os últimos suspiros e as músicas nas rádios começaram a mudar. “Até 1981, 1982, o que saía de música nacional tinha que ser MPB. As rádios só davam cobertura para este tipo de música”, comenta o DJ Marcos Vicente, idealizador da Autobahn (http://www.autobahn.com.br/), festa dedicada aos anos 80 que é realizada semanalmente em São Paulo.
No lugar da MPB politicamente engajada dos anos 60 e 70, as rádios começaram a ser invadidas por bandas do chamado BRock. O jornalista e radialista Kid Vinil (
O vocalista e guitarrista do Ultraje à Rigor (
Dezenas de bandas surgiram durante a primeira metade dos anos 80. Algumas tiveram apenas um ou dois sucessos e logo depois sumiram. Outros se tornaram grandes nomes do Rock nacional.
A efervescência criativa daquela geração foi identificada como um novo mercado para a indústria fonográfica. “Houve o interesse das gravadoras por grupos que já tinham público e eram baratos de se gravar, ao contrário dos medalhões da MPB que gastavam muito mais para gravar e já não davam tanto retorno”, comenta Roger.
Kid Vinil também cita este interesse como fator importante. “As gravadoras sentiram que poderiam vender discos com aquela nova geração e passaram a investir nos grupos. Tudo soprava a favor daquele novo Rock. Todo mundo fez sucesso, tocou no rádio, apareceu na TV e fez muitos shows”.
“É interessante que na TV a gente se apresentava em programas como Chacrinha, Bolinha e Barros de Alencar junto com artistas populares como Gretchen e Amado Batista, por exemplo. Mas a turma do Pop Rock 80 era mais unida. Éramos amigos do Kid Abelha, do Barão, dos Paralamas. Todos eram unidos e muito amigos e ao mesmo tempo respeitávamos aquela cena ‘brega’ desses programas. Tudo era uma verdadeira festa”, relembra Kid Vinil.
Quase 20 anos após o fim da década de 80, a música produzida naqueles dez anos continua forte nas rádios e na preferência do público. Artistas que surgiram na época continuam fazendo turnês por todo o mundo. Às vezes mesmo sem ter material novo. No Brasil não é diferente. Basta ver a lista de artistas que se apresentaram no ano passado no país. E este ano não deve ser diferente.
Muitos desses aficcionados pelas músicas dos anos 80 se encontram na festa Autobahn, o projeto do DJ Marcos Vicente realizado desde 1993 e considerado a primeira festa ‘revival’ da década. Além das pessoas que vivenciaram aqueles anos, muitos jovens e alguns que só nasceram depois de 1989 comparecem para curtir a festa. O DJ explica sua teoria para a festa agregar pessoas mais jovens. “A pessoa vai, às vezes, por influência de família. O irmão mais velho curtia e ele ouviu quando criança ou ouviu no rádio”.
Kid Vinil também acredita nessa influência. “Às vezes eu culpo os pais de terem influenciado seus filhos com a música dos anos 80. Vejo por aí muitos pais dizendo que seus filhos aprenderam a gostar das músicas dos anos 80 por influência deles”.
Mas o que a música do início dos anos 80 deixou como herança? A produção musical hoje em dia é tão diferente daquela dos anos 80? “O Rock brasileiro perdeu o seu bom humor. Ou será que nós já fizemos tudo que era possível em termos de bom humor?”, questiona Kid Vinil. “Sendo um pouco maldoso e bem-humorado, acho que perderam até a capacidade de autocrítica”, brinca Roger.
Há mais de 25 anos à frente do Ultraje à Rigor, Roger enfatiza sua posição sobre as diferenças entre as bandas nacionais daquela época e as de hoje. “É um ovo e um espeto eu diria, como se falava antigamente. Completamente diferentes. Nós não tínhamos nenhuma das facilidades de hoje, algumas criadas por nós mesmos. Não havia Internet, estúdios caseiros, lojas de instrumentos, MTV, nada. Fazíamos por puro idealismo, nosso objetivo era encontrar um lugar para tocar”.
Talvez a diferença seja grande. Ou talvez seja apenas um ponto de vista. A sonoridade, essa sim, é inquestionável que mudou. Se a mudança foi para melhor ou pior é o fã e ouvinte quem decide. O que não parece ter mudado é a vontade de pegar um instrumento e tocar. O sucesso de jogos como “Guitar Hero” e “Rock Band” parece ser um indicativo disso.
Uma coisa é certa: depois daqueles anos em que surgiram Ultraje à Rigor, Ira!, Titãs, Mercenárias, Garotos Podres, Blitz, Barão Vermelho, Magazine, RPM, Rádio Taxi, Zero, Plebe Rude, Inocentes e tantas outras bandas, a música nacional nunca mais foi a mesma.
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